E, olha, isso é fundamental no país que tem a maior taxa de juros do mundo, inflação altíssima em vários períodos de sua história e crédito abundante.
Em países desenvolvidos, ensina-se a poupar antes de gastar. Por isso, lá não se vende a crédito. Aqui, a regra é gastar antes de poupar. E isso começa cedo.
Uma pesquisa da NTS/Science apontou que, no Brasil, não só as crianças sabem o que querem como influenciam em 80% das compras do lar. Desde o carro do pai, às compras em supermercados e eletrodomésticos, eles dão palpite em tudo. Por isso, eles são o público alvo das agências de publicidade e marketing.
O IBOPE diz que 70% dos investimentos nisso é feito nas TVs e Internet. E sabem quanto tempo, em média, uma criança fica na frente da TV diariamente? Pois incríveis 5 horas e 35 minutos.
Além de serem consumidores em formação, consumidores do presente e do futuro e, ainda, influenciarem o consumo da família, são menos preparados para resistir ao bombardeio publicitário.
Por isso, Educação Financeira deveria ser ensinada nas escolas. No mínimo, nos últimos anos dos cursos profissionalizantes e universitários. Na ausência, vamos nós mesmos ensinar a nossos filhos o valor do dinheiro.
A partir dos quatro ou cinco anos, levar as crianças a supermercados, feiras e locais, não para comprar tudo o que pedem, mas para que percebam como funciona o processo de compra e venda é uma boa forma de educar.
O uso da mesada e o seu rigoroso controle é outra. A importância de não gastar mais do que ganha, fazer o dinheiro durar o mês todo, pesquisar preços antes de comprar e poupar 2 ou 3 mesadas para trocar de celular ou comprar roupa de grife. Mas a mais impactante forma de educação: o exemplo dos pais.
Por isso, falar de dinheiro não pode ser um tabu em casa. É importante que haja diálogo e que todos participem do planejamento e do controle financeiro da família. E isso inclui as crianças.
*Texto publicado originalmente no jornal Tribuna PR em 24/06/19 – Previdência: um dia você vai precisar dela por Renato Follador.